sexta-feira, 27 de março de 2015

Saudosa maloca

Saudosa maloca


Si o senhor num tá lembrado                    
Dá licença de conta
Que aqui onde agora está
Esse edifício arto
Era uma casa véia
Um palacete assobradado
Foi aqui, seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mais um dia
Nóis nem pode se alembrá
Veio os homi cas ferramenta
O dono mandô derrubá
Peguemos todas nossas coisa
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada tauba que caía
Duía no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas de cima eu falei:
Os homi tá cá razão
Nóis arranja outro lugar
Só se conformemos quando o Joca falou:
Deus dá o frio conforme o coberto"
E hoje nóis pega a paia nas grama do jardim
E pra esquecer nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemos os dias
feliz de nossas vida.
Adoniran Barbosa


Sobre o texto responda.


1. Que história é contada nesse texto?
2. Busque os significados das palavras saudosa e maloca no dicionário. Como você entende o título do texto?
3. O registro desse texto é da linguagem formal ou informal? Justifique sua resposta.
4. Encontre no texto palavras ou expressões que representem a variedade social.
5. Você teve alguma dificuldade de compreender o texto? Por que?


OBS: Texto retirado do livro EJA Moderna 6° ano. Editora Moderna

domingo, 22 de março de 2015

Os desastres de Sofia

Os desastres de Sofia


Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
- Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar!
Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto de ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos, (...)
                                                                                                                    Lispector, Clarice


Questão 1
Nas linhas 4 e 5, o narrador afirma que o professor tinha "ombros contraídos" Porque:
a) era velhinho
b) era frágil fisicamente
c) era corcunda
d) era acovardado e submisso às pressões sociais


Questão 2
Segundo o  texto, os sentimentos da aluna pelo professor eram ambíguos, isto é, eram sentimentos que se contrariavam.
a) Cite uma passagem em que se manifesta essa contradição.
b) Qual o motivo dessa ambiguidade?


Questão 3
Na linha 12, o professor diz: "- cale-se ou expulso a senhora da sala". Perante essa explosão, a aluna tem dupla reação. Procure explicar:
a) Por que se sentiu ferida?
b) Por que se sentiu triunfante?


Questão 4
Segundo o texto, em que consistia a covardia do professor?


Questão 5
No caso desse texto, pode-se dizer que ele foi produzido para mostrar que:
a) todo aluno nutre pelo professor um grande afeto e se irrita quando não é correspondido.
b) o professor não tinha mais condições físicas para executar o seu trabalho.
c) as condições da vida prática e a necessidade de seguir regras e normas podem levar o homem a reprimir suas emoções.
d) a relação professor e aluno é sempre tensa e contraditória.




OBS: Conteúdo retirado do livro: Para Entender o Texto leitura e redação. Platão e Fiorin.

Objetivo

O objetivo do blog é compartilhar textos retirados de diferentes fontes para auxiliar professores.